Pesquisar, criar e projetar...

Estilo e Criação
Por Rachel Quadros

Criar moda é transceder sob a óptica dos sonhos e desejos...

Criar é inovar. O criador de moda é uma espécie de “funil”, que processa as informações que absorve em suas pesquisas, com o objetivo de conceituar um novo desejo de consumo traduzido em forma de material têxtil.


Para se criar uma coleção, o criador deve a cima de tudo PESQUISAR MUITO.


Karl Lagerfeld: em seu mar de conhecimento.



INFORMAÇÃO esse é o segredo de toda a coleção de sucesso. Os sinais estão por todos os lugares. Cabe ao designer antenado captá-los em revista, vídeos, filmes e principalmente nas viagens de pesquisa de moda, que requerem muito planejamento, antes de embarcar no avião.


O pesquisador deve observar os sinais emitidos pelos jovens e considerar as principais cidades onde ocorrem os principais eventos de moda.


No planejamento da viagem não se esqueça de evitar os períodos de liquidação, quando as lojas estão sem novidades.


Inclua no seu roteiro, as cidades que tenham as empresas das marcas do seu segmento em estudo que possam a inspirá-lo em seu projeto de coleção.


Leve uma reserva de dinheiro para comprar peças interessantes e dê atenção especial ao estilo de vida da cidade: observando grupos com atitude avaliando seu estilo contemporâneo.

O mais interessante é saber o que acontece com toda essa informação!!

Depois de tanto viajar, pesquisar e navegar pela BUSCA DE INFORMAÇÃO e referências é hora do criador separar o material para a pesquisa por temas e assim se inspirar dando origem as coleções que se tornam verdadeiros objetos de desejo.


Depois da pesquisa de moda, chega o momento de definir qual o ESTILO que terá sua coleção, você pode nem imaginar, mas o planejamento de uma coleção é um verdadeiro jogo de estratégia, que é tratada pelos setores de:

1º Marketing
2º Comercial
3º Estilo


Estes departamentos analisam por exemplo: a situação do mercado e as novidades entre os produtos. Todas essas informações determinam quais modelos serão criados, quantas peças serão produzidas e qual custo de cada uma delas.


O desenvolvimento de COLEÇÃO é feito por etapas, e essas variam de acordo com o produto e com a estrutura da empresa, sendo que segue de uma forma geral: idéia inicial, especificações, formulação de alternativa, avaliação de alternativas, construção e teste do protótipo. Estas etapas são denominadas entre os designers de metodologia projetual.


Estudo de cores, formas, texturas e silhueta na coleção

Para se começar uma coleção é preciso ter um planejamento, isso envolve a análise de concorrência, a qualidade do produto que se quer atingir, o mercado que se quer conquistar os possíveis problemas que pode enfrentar e os objetivos a alcançar com a coleção. E para se ter um bom planejamento é necessário que se realize uma pesquisa previa de moda, reunindo informações para coleção.


Um coleção bem elaborada precisa ter 3 tipos de peças:

1ª A Reconduzida: (PRODUTO BÁSICO) que é básica com poucas alterações e que ainda serve de identidade da marca. corresponde ao que o consumidor realmente precisa ou quer comprar. Possui um design simples, cores básicas, modelagem clássica, porém contemporânea, podendo se fazer varias combinações com outras peças.

2ª A revisitada (PRODUTO REAL): que acompanha as tendências de cada estação mudando conforme a temporada. Feito a partir do Produto básico, com cinco particularidades, nível de qualidade, características, design, marca e embalagem, ou seja, é agregar valor a um produto básico, conseqüentemente aumentara o seu valor comercializado.


3ª A roupa Flash: (PRODUTO AMPLIADO) é inteiramente nova e retrata a marca da inovação na coleção. É o resultado da junção do produto básico com o produto real, com a oferta de serviços ou benefícios extras ao consumidor. Como exemplo, dar garantia de durabilidade do tecido, ou fazer tamanhos impares para calças.


Quando a coleção tem CONCEITO e QUALIDADE, a montagem do projeto fica bem mais fácil.


Desenho a mão livre: acompahando de molde e ficha técnica, fase finalizada para pilotagem


Principalmente quando a equipe monta o quadro de coleção que nada mais que uma tabela ou painel (organograma e painéis semânticos) onde estão expostas todas as características dos produtos que serão confeccionados.

Com o passar do tempo o quadro vai se transformando, é nele que por exemplo o designer vai fixando as amostras de tecido e outras referências, com imagens de inspiração de cores, formas, texturas e volumes.
Scketbooks: cadernos de inspirações e dibujos experimentando cores e formas

Depois que os criadores montam as bases da coleção chega a hora de DESENVOLVER AS PEÇAS PILOTOS, que é quando toda a coleção ganha realmente forma e se transforma em realidade em produto tridimensional para ser avaliado.

Após a escolha do desenho, do tecido, dos aviamentos e da modelagem adequada à peça piloto é confeccionada, e passa pelos processos de beneficiamento e acabamento, se o produto a ser desenvolvido for do segmento Jeanswaer ainda passa pelo processo de lavanderia onde acontecem as Transformações químicas ou não químicas, agregando valor e diferenciando a peça final, onde a peça ganha novas texturas, cores e versões.

Depois de devidamente pilotada, a peça vai para a prova de roupas, neste momento a coleção é analisada os aspectos de funcionalidade e praticidade.


A prova de roupa da peça piloto, com modelo vivo é de extrema importância, é neste momento que o designer pode detectar defeitos e algum desconforto, se isso acontecer a peça deverá ser refeita imediatamente, essa etapa é tão importante que pode demorar dias até que o produto encontre-se totalmente adequado às necessidades do consumidor final.

Por isso é de extrema importância que toda a confecção tenha modelos contratados e dias precisos para as provas das roupas. É importante saber que uma coleção cerca de 20% das peças pilotos, jamais serão produzidas, mas este procedimento é perfeitamente normal.

O lançamento de coleção é o momento de fazer a seleção das peças que serão produzidas, montar o Show Room e ver se está tudo pronto para adentrar comercialmente no mercado.

A aprovação das peças pilotos, não é a última etapa, antes de definir quais modelos serão produzidos, as peças passam por uma avaliação: Comercial e Mercadológica, quando uma relação entre custos X tempo de produção X demanda de mercado, determinam quais modelos estão aptos à produção em série, que demandam de conhecimentos específicos sobre etapas e processos de fabricação.

“Projetar é fácil quando se sabe como fazer. Tudo se torna fácil quando se conhece o modo de proceder para alcançar a solução de algum problema, e os problemas com que nos deparamos na vida são infinitos, problemas simples que parecem difíceis porque não se conhecem e problemas que parecem impossíveis de resolver.” (Bruno Munari, 1998).