O poder da moda brasileira
Por Rachel Quadros
“O Brasil tem cor e criatividade, tem forma e originalidade, tem arte, talento e trabalho. Nosso país tem gente empreendedora, que expande a criatividade em tecnologia ampliando a originalidade em qualidade levando o melhor do Brasil para o mundo.” ABIT- (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção.
As pessoas sempre questionam como os designers de moda conseguem materializar idéias maravilhosas. A verdade é que estas idéias são raramente ou completamente novas: designers criam através da captação de conceitos á sua volta. E isso, é quesito particular dos designers e estilistas brasileiros: criatividade, quando se trata de desenvolver uma idéia diferenciada os brasileiros são talentosos. Criatividade em moda é a capacidade de gerar novas variantes e soluções para o problema de cobrir o corpo, e reinventar a fascinante percepção dele na contemporaneidade. Basta unir conhecimento com criatividade.
Por isso a base fundamental de um designer de moda é conhecer que a produção brasileira de moda, da fiação, tecelagem até a confecção, precisa focar: a qualidade e contemporaneidade das tendências de moda. Em vista desta perspectiva, é necessário que tanto a empresa como os designers de moda estejam freneticamente informados dos acontecimentos em tecnologias e tendências de todos os setores da cadeia têxtil.
As características que fazem do produto de moda ter qualidade inicia na fase de criação, passando pelas etapas de confecção, acabamento e terminam na relação produto-consumidor, ou seja, o criador precisa ter conectividade de sua capacidade criativa com a realidade das necessidades e desejos do mercado consumidor.
O design oferece ao criador de moda as ferramentas de projeto que são métodos sistemáticos para o desenvolvimento de novos produtos, encontra-se uma orientação para os estilistas, algumas dentre várias outras formas existentes para o desenvolvimento de produto, difundidas entre designers de produto e empresas, atestando sua qualidade de aplicação.
Os designers de moda atuais, unem tendência de produtos de design para produzir novos produtos de moda, atualmente a palavra de ordem: é o bem-estar do consumidor, colocados em prática por características relativas ao toque, a praticidade e a performance da roupa. Nos últimos anos, o efeito easy-care e a durabilidade dos materiais foram os conceitos mais trabalhados pelas novas tecnologias, exemplo dessa nova era são os tecidos "inteligentes", com efeito anti-estresse, antibacterianos, antimanchas e térmicos.
As empresas brasileiras do setor têxtil estão investindo mais na competitividade, devido a forte influência do design, o objetivo: diferenciar produtos e ganhar mais espaço no cenário internacional. O design é uma potencial ferramenta que agrega valor ao produto, através dele é feito um planejamento do produto a ser desenvolvido desde sua criação à sua comercialização, que visa principalmente: redução de preço, através da economia de insumos otimizando processos de criação, fabricação e expedição, economizando a matéria-prima e assim viabilizando a racionalização da produção, além disso o design evidencia ser uma ferramenta indispensável no fator diferencial de produto, no mercado competitivo, valoriza a estética, somando valores perceptíveis nos itens performance, desempenho e aparência.
É notável que uma nova geração de criadores está para acontecer, devido a união dos vários setores da cadeia têxtil, em associações e instituições, e principalmente com a profissionalização do setor, através da formação de designers de moda em cursos superiores, que canalizam o reconhecimento internacional que a moda brasileira vem recebendo a partir de diversos meios de comunicação. As empresas brasileiras estão cada vez mais investindo no potencial criativo e profissional dos n
ovos designers de moda.
Uma poderosa força criada no Brasil com o objetivo de fortalecer e promover a indústria moda-design do país é a Associação Brasileira de Estilistas (ABEST), que teve inicio de suas atividades no ano de 2003 e desenvolve marcas de alcance internacional garantindo autenticidade e criatividade das criações, é através de instituições como esta que a capacidade criativa e o estilo de vida do brasileiro é divulgado em todos os segmentos vinculados à moda no mercado internacional. Sem fins lucrativos iniciou apenas com cinco estilistas: Amir Slama, estilista da marca Rosa Chá, Alexandre Herchcovith, Walter Rodrigues, Lino Villaventura e Serpui Marie, cresceu, expandiu e atualmente com 33 associados que vendem seus produtos para 38 países, a ABEST conta com o apoio da APEX-Brasil (Agência de Promoção de Exportação e Investimentos na montagem de show-rooms e na promoção de desfiles e feiras. Suas marcas associadas são exemplos de qualidade e originalidade na criação de moda: Carlos Miele, Walter Rodrigues, Lino Villaventura, Alexandre Herchcovith, Reinaldo Lourenço, Serpui Marie, Rosa Chá, Isabela Capeto, Glória Coelho, Cavalera, Tereza Santos, Iódice, Maurício Medeiros, Francesca Giobbi, Salinas, Osklen, Cris Barros, Maria Bonita Extra, Poko pano, Marcelo Quadros, Vrom, Patachou, Água de coco, Thaís Gusmão, Cecília Prado, Mara Mac, Wilson Ranieri, Simone Nunes, Maria Bonita, Huis Clos, Constança Bastos, Lenny Niemeyer, Jefferson de Assis, Érika Ikezili, Cecília Echenique e Frazisca Hubener, mas a ABEST não para por aí a cada ano descobre novos criadores brasileiros.
No ano de 2006 o Brasil chegou à marca abrangente de possuir um parque fabril no segmento Têxtil, segundo a ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) com mais de 30 mil empresas em toda a cadeia Produtiva, 1,65 milhões de trabalhadores (empregos formais e informais), é o 7º maior parque têxtil do mundo com faturamento anual de US$ 32,9 bilhões, 2º maior produtor mundial de índigo, 3º maior produtor mundial de malha, 6º maior produtor mundial de confecção com uma produção anual de vestuário: 7,2 bilhões de peças é um país auto-suficiente na produção de algodão. A capacidade produtiva está ao alcance das necessidades dos criadores.
Existem mais de 50 eventos de moda no Brasil, entre feiras, desfiles e semanas acadêmicas. Os mais importantes são: Amni Hot Spot,Couromoda, Curitiba Fashion Art, Dragão Fashion, Encontro da Moda, Fashion Rio, Feira Nacional da Cadeia Têxtil, Fenin, Floripa Fashion, Salão Lingerie Brasil, São Paulo Fashion Week, Semana de Moda/ Casa de Criadores, Texbrasil, Fenatec, Fenit e Texfair. Há ainda eventos acadêmicos como o Colóquio de Moda (em 2007 acontecerá em Belo Horizonte, MG), o Metáforas do Corpo (São Paulo, SP), o Pensando Moda (Fortaleza, Ceará), e o Jeans Tudo.
Dois destes eventos merecem destaque, o São Paulo Fashion Week e o Fashion Rio, são uma fonte da capacidade criativa dos grandes designers e estilistas brasileiros que fazem da passarela um espetáculo glamuroso, unindo cultura e beleza.
No São Paulo Fashion Week (SPFW), são apresentadas as principais marcas do país. O maior espetáculo de criadores da moda na América-Latina, é uma verdadeira indústria do amplo mercado criativo do país, dando espaço e força para que a moda passe a se transformar numa realidade econômica, cultural e social no Brasil. Um evento que divulga a moda na mídia impressa e televisiva com mais de 5 mil páginas de jornais e revistas nacionais e estrangeiras e quase 300 horas de transmissão pela TV, entre canais abertos e por assinatura são dedicados a cada edição à cobertura espontânea do evento.
Outro grande e magistral evento da Moda Brasileira é o Fashion Rio que traz 37 desfiles, nesta edição que começou no dia 03 de Junho com término no dia 08 de Junho. A Semana Oficial da Moda Brasileira no Rio de Janeiro é realizada pela ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) em parceria com o Sistema FIRJAN e o SEBRAE.
Sob outra perspectiva de negócios, acontece um evento voltado à interesses das indústrias do setor têxtil é o Seminário Fashion Marketing criado em 2006 pela jornalista Glória Kalil, que segue firme no propósito de propor discussões bem aprofundadas sobre os rumos do mercado da moda e procurar soluções para que as marcas brasileiras conquistem o mercado internacional. E por falar em poder da moda brasileira, assunto que foi tema deste seminário em 2007, teve inúmeros convidados como Paulo Borges (mentor e criador do São Paulo Fashion Week), Uma das pautas foi: que a singularidade da nossa cultura agrega valor a moda e diferencia as criações brasileiras.
Além da capacidade criativa de grandes criadores o Brasil produz a beleza natural, de grandes modelos que expandiram e se infiltraram no mercado internacional levando a sensualidade e exoticidade da beleza feminina marcante na mulher brasileira, como Gisele Bündchen, Mariana Weickert, Adriana Lima, Ana Beatriz Barros, Ana Cláudia Michels, Ana Hickmann, Brenda Costa, Carol Francishini, Carol Ribeiro, Carol Trentini, entre muitas o Brasil tem beleza que não acaba.
Gisele para Colcci
A indústria da moda também produz leitura, durante 23 anos um banco de referências foi construído pela pesquisadora Dorotéia Pires e pode ser consultado na FASHION Theory: a Revista da Moda, Corpo e Cultura em São Paulo da editora Anhembi Morumbi. Dorotéia Pires é designer e pesquisadora, é especialista em estudos de design de moda, tem múltipla atividade docente no Brasil e Itália, atuando no curso de graduação em Design de Moda e de pós-graduação em Moda e Cultura da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Coordena o Projeto Milano e é mestre em Educação pela PUC-PR, onde se graduou em Desenho Industrial. É bacharel em Pintura pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná. São estes exemplos de cientistas da moda que desenvolvem e promovem a profissionalização desta carreira promissora e crescente no Brasil: criadores, designers e estilistas de moda.
É importante deixar claro que para muitos moda é fundamental e essencial, porém lembrem-se das palavras célebres do designer Masutero Aoba:
“A qualidade da criação depende da mente e do espírito do designer”.
Somos privilegiados, o brasileiro tem ginga, cor, tem raça, força e experimenta de sua grande massa nas raízes de suas tradições as belezas que enaltecem na produção de suas criações.
Esses dados foram retirados na pesquisa "O Mercado de Moda no Brasil – Vestuário, Meias e Acessórios Têxteis", produzida pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI) e pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT http://www.abit.org.br/), com o apoio da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX Brasil ww.apexbrasil.com.br).